domingo, 26 de janeiro de 2014

Bem vindos ao Brasil colonial: a mula, a mulata e a Sheron Menezes


“Nossos irmãos estão desnorteados
Entre o prazer e o dinheiro desorientados
Mulheres assumem a sua exploração
Usando o termo mulata como profissão
É mal.. (Chegou o Carnaval, Chegou o Carnaval)
Modelos brancas no destaque
As negras onde estão?
Desfilam no chão em segundo plano
Pouco original mais comercial a cada ano
O carnaval era a festa do povo
Era…mas alguns negros se venderam de novo
Brancos em cima negros em baixo
Ainda é normal, natural, 400 anos depois (…)
Bem vindos ao Brasil colonial e tal…”  Voz Ativa, Racionais Mc’s.

912519_673529796002919_507658498_n

Por , para o Blogueiras Negras.org
 
Deve-se enegrecer/esclarecer a questão apresentada no verso dessa música que afirma que a mulher assume a sua exploração; é possível, sim, que ela assuma, mas não se trata de uma escolha deliberada ou livre, pois não existe escolha pura em uma sociedade onde as mulheres antes de se colocarem, ou se perceberem no mundo como indivíduos, são diretamente associadas a objetos para saciar o desejo masculino. Principalmente a mulher negra, que “assume” esse papel desde o tempo da escravidão até os dias de hoje. Logo, com essa questão resolvida, vamos ao trabalho árduo de pensar sobre o papel da mulher negra na mídia brasileira.

Acompanhando recentemente o concurso para eleger a nova Globeleza (mulher que deve representar a rede Globo no carnaval como a famosa “mulata” ícone do carnaval), tive duas reações primárias: primeiro me surpreendi com o número grande de negras na televisão, porque é algo que não acontece sempre e,segundo, percebi a total sexualização dos seus corpos, que se acentuou com a foto divulgada no instagram da atriz negra Sheron Menezes, onde ela exibe as mulheres de costas, apenas com a bunda em destaque quase como um troféu, como se a mulher só fosse isso: um corpo pra ser usado.

Alguns disseram: que bom, enfim o negro está adentrando a televisão. Outros, não ingênuos e mais acostumados com as artimanhas da rede Globo, não acharam algo tão bom assim. Porque, infelizmente, a mulher negra só aparece na televisão em dois momentos: ou é escrava/doméstica, ou é mulata no carnaval e nas duas visões ela está sendo colocada a serviço do homem branco. É bom que conheçam a raiz desse termo “mulata” e saibam que ele não é bom como muitos pensam. O termo ‘mulato’ vem das palavras em espanhol e português para a mula, que baseiam-se no termo em latim mulus que significa a mesma coisa. A mula é o produto resultante do cruzamento do cavalo com burra, ou seja, passou a aplicar-se ao filho de homem branco e mulher negra. O termo mulata tem raiz baseada em um animal, igualmente como o “criolo”, termo que se usava pra designar os negros antigamente, que também era o nome de uma raça de cavalo.

O ‘criolo’ não é mais usado tão livremente, mas se adotou o ‘mulata’ como um termo bonito e nada pejorativo. Não é só um nome porque é carregado de história, uma história que demonstra que a mulher negra está ali a serviço dos indivíduos que só a aceitam se ela estiver limpando seu chão, carregando carga, ou rebolando no seu colo, pois esse é o jeito que um bom animal domesticado deve agir. A mulher negra é tratada constantemente como um animal e um souvenir que o turista vem buscar no carnaval: “Venham turistas, temos mulheres negras gostosas para oferecer a vocês! Também temos boas empregadas pra limpar as suas sujeiras!”

Sim, sabemos que 125 anos se passaram e a escravidão acabou, porém as suas práticas continuam bem vindas e são aplaudidas por muitos de nós na novela das nove e no programa do Faustão, “pouco original, mas comercial a cada ano”. No tempo da escravidão, as mulheres negras eram constantemente estupradas pelo senhor branco e carregavam o papel daquela que deveria servir sexualmente sem reclamar, nem pestanejar e ainda deveria fingir que gostava da situação, pois esse era o seu dever. Hoje nós, mulheres negras, continuamos atreladas àquela visão racista do passado que dizia que só servíamos para o sexo e nada mais.

O mais problemático é que usam essa imagem do negro na televisão tentando nos enganar como se nos aceitassem, que estão nos colocando na televisão por boa vontade, que a mulher que está nessa situação “escolheu isso deliberadamente”. Mas esquecem de informar que nos concursos de beleza como Garota Fantástica, Musa do Brasileirão, Musa do caldeirão e etc. Concursos da mesma emissora, igualmente machistas e estúpidos, que representam a beleza padrão, não apresentavam nenhuma mulher negra entre as concorrentes. Por que será? Simplesmente porque a mulher negra não representa a beleza padrão, ela representa o sexo, o selvagem, o folclórico.

Se não for isso ela é invisível, se acaso ela não trabalhe por esses padrões pré-estabelecidos pela mídia. Até no carnaval, quando deixou de ser uma festa do povo, desde que eu me conheço por gente na verdade, raramente vejo uma mulher negra como destaque de escola de samba, apenas mulheres brancas, “famosas” que podem até, em sua maioria, nem saberem o que é carnaval, mas estão na avenida. Enquanto as negras que moram dentro da comunidade onde a escola trabalha seu show o ano inteiro, saem sem destaque, sem câmeras, sem atenção.

Todo o ano quando o carnaval está pra chegar, eu me preparo psicologicamente pra chuva de estereótipos, de encargos sociais e de hiperssexualização da mulher negra. Não me levem a mal, eu adoro o carnaval, mas nós como negros não podemos nos acomodar com esse tipo de representação, fazer como a “querida” Sheron Menezes e apoiar a exploração do corpo da mulher negra como se isso fosse algo normal. Temos que colocar o pé no chão, pois por mais que se pareça com, isso não é o Brasil Colônia e não somos mais escravos: é nossa vez de lutar contra o racismo de modo inteligente, não dando ibope para os racistas da rede globo, nem naturalizando o lugar do negro em lugar de inferioridade.

Zumbi, Dandara, Mandela e tantos outros lutaram para que o racismo não tenha voz em tempos consideravelmente mais pesados que esse. Então nesse momento é a nossa vez de dar as cartas e reverter o jogo. Como dizia o poema Oliveira Silveira: “Querem que a gente saiba que eles foram senhores e nós fomos escravos. Por isso te repito: eles foram senhores e nós fomos escravos. Eu disse fomos.” Não é a Globo, a Sheron, a novela, os turistas, ou o que seja, que vai nos dizer o contrário: não somos mais escravos, por isso, negros e negras, não aceitem essa colocação!

Simbólico: o Papa, o pombo, a gaivota e o corvo

Um dos pombos soltos neste domingo (26/1) pelo Papa Francisco e por duas crianças italianas não teve paz e acabou atacado instantes depois por uma gaivota. O incidente, diante de dezenas de milhares de fiéis, ocorreu durante a tradicional oração do Ângelus, na Praça São Pedro (Vaticano).

O pombo também chegou a ser perseguido por um corvo. De acordo com a agência Associated Press, o pombo perdeu muitas penas, mas, por algum momento, conseguiu escapar do algoz. Não se sabe, entretanto, o que aconteceu depois com esse e com o outro pombo, que passou a ser seguido pelo corvo.

Fotos: Reuters
Foto: AP

Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/pagenotfound/posts/2014/01/26/pombo-solto-por-papa-crianca-atacado-por-gaivota-522099.asp

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

E tudo ficou vermelho no Morumbi

Todo apoio à luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que hoje deixaram vermelhas de luta as ruas do chique bairro do Morumbi em São Paulo/SP.



"As ocupações do MTST subiram o morro do Morumbi e de repente ficou tudo vermelho." MTST

Protestos sacodem a Ucrânia desafiando o governo

Do site RT 
Tradução Marcus Benedito

: Fotos surrealistas de violentos enfrentamentos em Kiev parecem imagens de filme

Os protestos que sacodem a Ucrânia desde novembro passado entram em uma fase violenta. O Parlamento endureceu as sanções antidistúbios, ainda que os enfrentamentos entre os manifestantes e a polícia produzam vítimas mortais.




AFP Vasily Maximov

a policía ucraniana dispersa a los manifestantes que han tomado las calles centrales de Kiev y desmantela las barricadas. La fiscalía General del país confirma la muerte por heridas de bala de dos personas en el centro de la capital en medio de los disturbios. Los Manifestantes lanzan piedras y cócteles molotov contra los agentes. Las autoridades permiten a los agentes de seguridad emplear cañones de agua, bombas de humo y granadas de sonido en caso necesario.
s
AFP / SERGEI SUPINSKY

22 de janeiro

15h14min O Ministério da Justiça da Ucrânia tem expressado sua preocupação pelos diplomatas estrangeiros que visitam os edifícios administrativos tomados pela oposição. "Os manifestantes estão preparando coquetéis molotov nestes edifícios", disse a ministra da Justiça, Yelena Lukash, chamando os países europeus a condenarem a violência cometida pela oposição em Kiev. [E a violência do governo? O povo está agindo em legítima defesa.]*

14h46min  As Forças Armadas da Ucrânia não participarão nos acontecimentos relacionados com os protestos en Kiev. "Todo o efetivo militar e todos os pelotões se encontram aquartelados", disse uma fonte do Ministério da Defesa da Ucrânia à agência Interfax.

14h36min Os homens que haviam sido considerados mortos na rua Grushevski receberam ferimentos de balas: uma de calibre 7,62 milímetros de um rifle de franco-atirador Degtiariov, e outra de calibre 9 milímetros, presumivelmente de uma pistola Makárov, informa a rede Expreso.

14h30min Os manifestantes iniciam as ações na rua central Luteránskaya. Estão lançando coquetéis molotov contra os agentes das forças especiais Berkut.

*Grifo do Além da Frase.
**********************

Leia mais:

Repressão policial em Kiev não desmobilizou protesto contra a proibição de manifestações



Eram perto de 200 mil e chegaram como não podiam: muitos levaram capacetes na cabeça ou, na falta deles, panelas e tachos; alguns usaram máscaras de carnaval para cobrir o rosto; outros precaveram-se e foram com bastões de madeira para a Praça da Independência, no centro de Kiev. Violaram todas as alíneas da nova lei das manifestações da Ucrânia.

A nova legislação proíbe praticamente todas as formas de protesto, reduz a liberdade de expressão, cria mecanismos de controlo da imprensa por parte do Estado, autoriza o governo a proibir o uso da Internet por parte de alguns grupos. Passou ainda a ser proibida a presença de tendas, palcos ou amplificadores de som nas manifestações que forem autorizadas e os infractores serão multados e podem ser condenados a penas de prisão até 15 anos. Nos protestos autorizados também não se pode tapar o rosto ou ter objectos que possam servir de arma.

A lei foi promulgada na sexta-feira pelo Presidente Viktor Ianukovich, acusado pelos manifestantes (e pela oposição) de estar a dar ao país regras de uma ditadura. Mas se a lei foi uma resposta do chefe de Estado às manifestações gigantescas (e contínuas) que começaram em Novembro numa tentativa de contrariar a aliança das autoridades de Kiev e Moscovo, em detrimento de um pacto com a União Europeia, o protesto deste domingo também deixou claro que os ucranianos não se querem deixar intimidar.

A meio da tarde, algumas horas passadas desde o início da manifestação — que foi juntando cada vez mais gente, apesar dos zero graus de temperatura na capital ucraniana —, a polícia de choque recebeu ordem para carregar sobre as pessoas que pressionavam e se aproximavam do Parlamento. Usaram bastões, canhões de água (quando foram usados a temperatura descera para os sete graus negativos, diz a AFP) e granadas de gás lacrimogéneo, relata o jornalista do The Guardian. Perante a investida, a multidão não recuou, pelo contrário avançou sobre a polícia, destruindo uma carrinha e devolvendo algumas pancadas com os paus que empunhavam. Alguns manifestantes lançaram pedras e fogo de artifício contra a polícia.

“A Ucrânia está unida como nunca esteve na sua luta contra os que estão hoje no poder, e [está unida] na sua determinação de impedir uma ditadura”, disse o opositor Vitaly Klitschko, ex-pugilista e actual político, que se posiciona como o mais forte adversário de Viktor Ianukovich numa eventual corrida à presidência.

Na manifestação gritaram-se palavras de ordem contra o Presidente, pediu-se a sua demissão e a do governo e exigiu-se a marcação de eleições antecipadas. “Dirijo-me ao Presidente Ianukovich: encontre a força necessária e não se arrisque a ter o mesmo destino de Ceaucescu ou Kadhafi”, disse Vitaly Klitschko.

A contestação a Ianukovich começou em Novembro do ano passado, quando o Presidente da Ucrânia anunciou que não iria assinar um pacto de cooperação comercial com a União Europeia, preferindo as propostas que o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe fazia — um pacto de comércio e a redução do preço do gás que a Rússia vende à Ucrânia.

A opção pelo regresso à esfera de influência de Moscovo provocou a maior vaga de contestação na Ucrânia desde a Revolução Laranja de 2004-05 (contra os resultados de umas eleições classificadas como fraudulentas) e o centro do protesto foi a Praça da Independência, onde foram instaladas tendas, palcos e outros serviços que são agora proibidos por lei.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sistema de morte: 85 pessoas detêm 46% da riqueza mundial

Caminhamos para duros combates entre os exploradores e explorados. As potências imperialistas não vacilarão e não têm vacilado em tudo fazer para salvar seu injusto sistema econômico e político e para que as riquezas continuem nas mãos de uma ínfima minoria, (...), embora isso signifique crianças morrendo de fome, (...), famílias vivendo sem casa, mais guerras e destruição do meio-ambiente

Pedintes de casco no Estreito de Breves, Rio Amazonas/PA. Foto: Márcio Dib
Por Redação, com agências internacionais - de Londres e Davos, Suíça 

Apenas 85 pessoas no mundo detêm 46% de toda a riqueza produzida no planeta – mesmo percentual de metade da população – segundo um novo relatório, divulgado nesta segunda-feira no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. O documento realça a incapacidade de políticos e líderes empresariais em deter o crescimento da desigualdade econômica.

“Os resultados apresentados no estudo minam a democracia e tornam mais difícil a luta contra a pobreza”, afirmou o grupo humanitário britânico Oxfam International, que assina o relatório.

– É impressionante que, em pleno Século XXI, metade da população mundial tenha apenas um pouco mais do que uma elite cujos números permitem tê-los, todos, sentados confortavelmente em um único vagão de um trem. Ampliando-se a desigualdade, cria-se um círculo vicioso no qual a riqueza e o poder concentram-se, cada vez mais, nas mãos de poucos, deixando o resto de nós a lutar por migalhas da mesa superior – disse Winnie Byanuima, diretora executiva do grupo.

Lição de Marx

Em um outro relatório, divulgado na semana passada, o Fórum Econômico Mundial já abordava a desigualdade e a concentração de renda no mundo como o mais sério risco de danos políticos e instabilidade na próxima década. Na segunda década do século XXI confirma-se, integralmente, a Lei Geral da Acumulação Capitalista formulada assim n’O Capital, do economista Karl Marx: “À medida que diminui o número dos potentados do capital que usurpam e monopolizam todas as vantagens deste período de evolução social, crescem a miséria, a opressão, a escravatura, a degradação, a exploração, mas também a resistência da classe operária”.

A Organização Internacional de Trabalho (OIT), em linha com a miséria causada por um sistema global intrinsecamente injusto, mais de 200 milhões de trabalhadores estão desempregados no mundo. Apenas a União Europeia tem mais de 30 milhões de pessoas sem emprego e 127 milhões vivendo na pobreza extrema. Na França, mil empregos são destruídos por dia e cinco milhões estão sem trabalho. Na América Latina e Caribe a taxa de desemprego entre os jovens é de 13,7%, ou 22 milhões; na Espanha, 56%, e na Grécia, 61%. Ainda de acordo com a OIT, 73 milhões de jovens estão desempregados e este índice continua crescendo.

Na Alemanha, um dos maiores exportadores do mundo e país mais rico da União Europeia, 30% da população vivem abaixo da linha de pobreza e 7,45 milhões de trabalhadores têm “miniempregos”, nos quais o trabalhador recebe 450 euros (R$ 1.200) por mês. Caso esses trabalhadores fossem somados à população desempregada, o desemprego pularia de 7% para 24%.

Na principal cidade dos Estados Unidos, Nova York, 50 mil trabalhadores moram em abrigos porque seus empregos são de baixa remuneração e na Espanha, até junho de 2013, 20 mil famílias foram despejadas de suas casas.

A fome segue como a principal causa de morte no planeta. Na década de 1950, 60 milhões de pessoas passavam fome. Atualmente, são quase um bilhão. Mas, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o número de pessoas com desnutrição – que sofrem de uma ou mais deficiências em micronutrientes (vitaminas e outros) – já alcança dois bilhões. Segundo Jean Ziegler, ex-relator especial para o Direito à Alimentação das Nações Unidas (ONU), 18 milhões morrem de fome por ano e, a cada 5 segundos, uma criança morre de fome.

O desenvolvimento do capitalismo, portanto, não trouxe mais progresso nem uma vida melhor para a maioria da população, mas sim desemprego, fome e sofrimento. Porém se a pobreza aumenta, cresce a riqueza daqueles 85 capitalistas. Em 2000, apenas 1% dos norte-americanos detinha 32,8% da riqueza do país; em 2013, passaram a abocanhar 40%.

Oligarquia financeira

No mundo, de acordo com Mapa da Desigualdade em 2013, os 10% mais ricos do planeta detêm
atualmente 86% da riqueza mundial. Destes, 0,7% tem US$ 98,7 trilhões e a posse de 41% da riqueza mundial, maior valor já registrado na História da Humanidade. Com uma enorme soma de capital em suas mãos, um reduzido grupo de multimilionários, donos de grandes bancos, fundos de investimentos e monopólios espalhados pelo planeta, controla a indústria, o comércio e a agricultura.

Concentração de riquezas gera fome no mundo
Estudo realizado pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça enfocando 43 mil empresas multinacionais concluiu que 174 delas (na maioria bancos) controlam 40% da economia mundial. Nos Estados Unidos, maior país capitalista do mundo, apenas cinco bancos (JP Morgan, Goldman Sachs, Citigroup, Bank of América e Weels Fargo) têm ativos de US$ 8,5 trilhões, cerca de 56% do PIB, e 10 empresas controlam 85% dos alimentos de base negociados no mundo.

Não bastasse, desde o início da crise, governos e bancos centrais repassaram mais de US$ 30 trilhões a essa oligarquia financeira, provocando o maior endividamento público da história. Somente o Tesouro dos EUA, segundo relatório do U.S. Government Accountability Office (U.S. GAO), entregou 16 trilhões de dólares em empréstimos a juros negativos às grandes empresas e bancos do país, embora tenha demitido milhares de funcionários públicos.

O resultado desses planos de ajuda aos bancos foi o crescimento exponencial das dívidas públicas, dívidas dos Estados, mas pagas pelos impostos cobrados dos trabalhadores. Em 2007, a dívida pública dos EUA era de 66,5% do PIB, e pulou para 106,5% em 2012, levando o país a viver em estado permanente de calote. A dívida pública do Japão é superior a 200% do PIB e a da França, segundo o próprio governo, chegará a 95,1% do PIB em 2014. Por sua vez, dados do FMI indicam que a dívida do governo central da China soma 46% de tudo o que o país produz.

Para pagar essas dívidas, a solução dos governos capitalistas são os chamados planos de austeridade, ou seja, jogar esse endividamento nos ombros dos trabalhadores. Por isso, medidas como redução de salários dos funcionários públicos, cortes das verbas para a saúde e educação, privatização de empresas públicas, eliminação de direitos trabalhistas, diminuição das aposentadorias e, consequentemente, destruição de pequenas e médias empresas.

Ao lado do crescimento da concentração de capital, do aumento de fusões e aquisições entre as empresas em todo o mundo, temos o aumento exponencial da especulação financeira. Segundo relatório do Mackinsey Global Institute, em números absolutos, o estoque total de ativos financeiros – depósitos bancários, financiamentos, títulos de dívida privada e pública, ações de companhia – atingiu US$ 225 trilhões no ano passado. Um volume 10% maior que em 2007, ano de início da crise, e o equivalente a 312% da produção global. Já o montante dos derivativos no mundo atingiu US$ 600 trilhões em 2011, segundo números do Bank for International Serrlements (BIS).

É esta oligarquia financeira que impõe sua vontade e seus interesses em todos os países e obrigam os governos e os bancos centrais da Europa, América Latina, África ou da Ásia, a adotarem a mesma política de ampla proteção ao capital financeiro. Ocorre, assim, uma verdadeira fusão do Estado com o capital financeiro.

Dessa forma, a globalização da economia nada mais é que a extensão do domínio desse pequeno e poderoso grupo de bilionários dos países imperialistas em aliança com a grande burguesia dos demais países, para obter superlucros.

Luta de classes

Há, ainda, o acirramento das contradições interimperialistas, isto é, entre EUA, Rússia, China, Alemanha, Japão, Inglaterra e França. Essas contradições ficam evidentes, quando verificamos que não existe um acordo comercial amplo no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC); prossegue a chamada “guerra cambial” ou a tentativa de impor o dólar e o euro como únicas moedas no mundo; bem como a feroz disputa pelo controle de regiões estratégicas do planeta, como se verifica na África, e em particular, no Oriente Médio, para ter a posse do petróleo, gás e de minérios estratégicos.

Na outra ponta, as potências capitalistas realizam acordos e tratados comerciais, visando a enfraquecer concorrentes e redividir os mercados, como fica claro, nos acordos dos EUA com a União Europeia para formar uma área de livre comércio e com o Japão no Pacífico, procurando isolar a China; da França com a Alemanha na Europa, ou com os acordos comerciais e investimentos da China na África e na América Latina.

São ainda características da crise, além da destruição de empregos, elevação do preço dos alimentos e do custo de vida e o empobrecimento das massas, o enriquecimento da grande burguesia mundial, em particular da alemã e da norte-americana, o surgimento de um reduzidíssimo número de milionários na China e o aumento das intervenções militares e guerras para saquear nações e controlar suas riquezas.

Em resposta a essa situação, os trabalhadores e a juventude organizam greves gerais, enfrentam os governos e seus aparelhos de repressão e promovem protestos e lutas. Os levantes populares na Tunísia, Egito, e em outros países da África; as greves gerais na Europa, a revolta de junho em nosso país, etc., são exemplos claros dessa tendência. Também, em função das medidas econômicas adotadas pelos governos burgueses em favor de bancos e monopólios, cresce o descrédito das massas no Estado burguês e em suas instituições, como Parlamento, União Europeia, FMI, OMC e ONU.

Com sua base social cada vez mais reduzida, os governos burgueses ampliam os gastos militares visando a enfrentar as revoltas populares e manter este carcomido sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção. O orçamento militar dos Estados Unidos cresceu 90% nos últimos 13 anos. A Rússia, em 2011, aumentou orçamento militar em 9,7% e a China elevou em 11,2% os gastos militares no ano passado.

Em outras palavras, os governos capitalistas aumentam a repressão sobre as massas, criminalizam os protestos e os movimentos sociais e montam uma rede de espionagem mundial na telefonia e na internet, violando as mais elementares liberdades democráticas.

O fato é que, neste século 21, temos um aumento extraordinário das guerras e intervenções militares imperialistas, como no Mali, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e Haiti, e, em outros países ocorre um processo de fascistização dos governos com a supressão de vários direitos democráticos, comprovando, como afirmou Lênin em sua obra O Imperialismo, fase final do capitalismo, que este sistema, em sua fase imperialista, tende para a violência e o autoritarismo.

Em síntese, o plano da burguesia mundial é resolver a crise, aprofundando a exploração das massas trabalhadoras, invadindo países, dominando povos e se apoderando, por meio de guerras, das riquezas naturais e dos mercados para garantir uma nova partilha do mundo e a escravização de bilhões de pessoas por um minoria de exploradores capitalistas.

Portanto, diferente do que prometeu a burguesia mundial, o século 21 não é o século da paz nem da harmonia entre capital e trabalho. Pelo contrário, em vez do “estado do bem-estar social”, temos crises econômicas, fome, ampliação do comércio de drogas e da prostituição, e o acirramento da luta de classes em todos os continentes.

Movimentos táticos

Ingressamos em um novo período de confrontos entre as classes, caracterizado, de um lado, pelo aumento da exploração dos trabalhadores, uma enorme destruição das forças produtivas, e o desencadeamento de novas guerras imperialistas e, de outro lado, pela resistência das massas exploradas e por um impressionante avanço das greves operárias e das lutas da juventude e demais oprimidos.

Os próximos anos serão, assim, anos de uma acirrada disputa por mercados e pelas riquezas naturais, como petróleo, minérios, pela água, e de grandes enfrentamentos entre as classes.

Porém, como afirma a Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML), “os resultados da crise econômica capitalista dependerão das forças políticas atuantes e da sua inteligência para aproveitar a conjuntura. De uma crise econômica e uma guerra mundial surgiu a primeira revolução socialista, a de outubro de 1917 na Rússia, mas também, de uma grande crise econômica surgiu o fascismo alemão, o nazismo, encabeçado por Hitler. Quer dizer, a crise pode contribuir para a revolução, se existir uma força política com influência nas massas e capacidade para desenvolver os movimentos táticos que permitam derrubar os governos burgueses e pró-imperialistas”.

Portanto, caminhamos para duros combates entre os exploradores e explorados. As potências imperialistas não vacilarão e não têm vacilado em tudo fazer para salvar seu injusto sistema econômico e político e para que as riquezas continuem nas mãos de uma ínfima minoria, da oligarquia financeira internacional e seus sócios, embora isso signifique crianças morrendo de fome, milhões de operários desempregados, famílias vivendo sem casa, mais guerras e destruição do meio-ambiente.

Com efeito, a classe capitalista nunca ficou de braços cruzados vendo sua riqueza derreter, sempre agiu para proteger o lucro, a acumulação capitalista e a reprodução do capital. Não importa o que tenha que fazer nem quantas guerras tenha que realizar. Mas é verdade também que, por toda parte, avança a luta por uma vida nova, para libertar a humanidade das guerras e da exploração do capital e a perspectiva da revolução e do socialismo torna-se a cada dia mais concreta.

Fonte: Correio do Brasil

Em memória de Lenin

Lênin discursando, 1920
“Lenin já não existe, mas temos o leninismo. O que havia de imortal em Lenin – os seus ensinamentos, o seu trabalho, os seus métodos, o seu exemplo (Leon Trotski, 22 de Janeiro de 1924)

Por Diego Vitello*


Em 21 de janeiro de 1924, morria aos 53 anos Vladimir Ilitch Ulianov, que entrou para história conhecido como Lenin. O primeiro Estado Operário da história da humanidade perdia seu principal dirigente. A primeira revolução operária vitoriosa, que iniciou em todo mundo uma nova época, perdia seu principal arquiteto.

Vladimir Ilitch nos deixou uma obra imensa, que mostra claramente um marxismo para ação revolucionária. A teoria marxista é, para Lenin, um guia para a ação. Toda sua obra é escrita a partir das necessidades das estratégias e táticas da revolução proletária em seu tempo. Lenin escreveu obras geniais de economia como O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia e Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, de filosofia como Materialismo e Empiriocriticismo, além é claro de milhares de páginas sobre tática e estratégia política. Sempre buscando de forma obcecada construir o partido revolucionário do proletariado e fortalecer a consciência de classe dos trabalhadores para que estes pudessem derrubar a burguesia, governar e construir o socialismo, uma sociedade dirigida e organizada democraticamente por trabalhadores.

Os escritos de Lenin praticamente não são ensinados em nossas universidades. Este homem de ação, que dirigiu a primeira revolução operária da história, que influenciou e moveu a vida de milhões de homens durante todo século XX, que formulou a teoria de um partido político que foi reivindicada por milhões de militantes operários ao longo dos últimos 110 anos, é conscientemente “esquecido” pela academia.

Lenin e o partido político operário revolucionário
Uma das maiores contribuições de Lenin à luta da classe operária, foi a elaboração da concepção de partido. Em 1902, já como um dos principais dirigente do POSDR(Partido Operário Social-Democrata Russo), Lenin escreve sua obra Que Fazer? onde formula a concepção de um partido centralizado democraticamente e para a ação. Um partido da classe operária, que levasse a consciência de classe para as lutas que surgiam espontaneamente nas fábricas. Um partido que deveria construir-se inserindo os seus militantes nos locais de trabalho para fortalecer, aprender e dirigir as lutas dos trabalhadores. Esse instrumento político deveria refletir em seu programa as tarefas históricas da classe operária e em sua atuação cotidiana ter o eixo onde esta classe estivesse concentrada. Apesar de a Rússia ser um país que continha 80% de sua população formada por camponeses, o partido dirigido por Lenin quis conscientemente ser um partido de base social operária concentrado sobretudo nas grandes fábricas de Petrogrado e Moscou, refletindo um método profundamente marxista que tinha na classe operária o eixo da luta pelo socialismo.
Em sua concepção de partido Lenin elaborou a categoria do revolucionário profissional, militante cujo eixo de vida seria a dedicação à atividade revolucionária. A organização revolucionária deveria ter como sua “coluna vertebral” companheiros e companheiras que fossem revolucionários profissionais. Para Lenin, estes militantes precisavam de uma dedicação exclusiva, combinando estudo da realidade com a ação revolucionária de forma permanente.

Em Que Fazer? Lenin polemiza com os “economicistas” que queriam limitar a classe operária às lutas econômicas e sindicais. Esta limitação, que também era e é até hoje difundida pelos anarquistas e reformistas de toda espécie, significa subordinar a classe trabalhadora à burguesia. Segundo Lenin, os trabalhadores não podem apenas lutar para atenuar sua exploração e vender de forma mais vantajosa sua força de trabalho, é preciso lutar pelo poder político para derrotar a burguesia e acabar de vez com a exploração. A partir do partido revolucionário, Lenin propunha que os trabalhadores participassem ativamente da luta política na Rússia e no mundo, tendo em vista que a solução final de seus problemas só poderia vir com a tomada do poder e a derrubada da burguesia.

Para Lenin, a luta entre os partidos mostrava um alto grau de desenvolvimento da luta de classes. Os partidos, ele classificava como representações superestruturais dos interesses de cada classe social. Criticando o “revolucionarismo sem partido” ele coloca: “Numa sociedade baseada em classes, a luta entre as classes hostis converte-se de maneira infalível, numa determinada fase de seu desenvolvimento, em luta política. A luta entre os partidos é a expressão mais perfeita, completa e acabada da luta política entre as classes.” (O Partido Socialista e o revolucionarismo sem cunho partidário, 1905).

Em meio a uma nova “onda” que existe dos “anti-partido”, que negam na prática a necessidade da classe trabalhadora se organizar politicamente, o estudo da obra de Lenin e de sua concepção de partido se faz fundamental. A burguesia, consciente do quanto são “perigosas” as organizações políticas dos trabalhadores que lutem pela sua derrubada, ajuda a reproduzir e difundir ideologicamente a ideia do “anti-partidarismo” até os dias de hoje. Não à toa, durante grande parte da história do século XX, os partidos da classe trabalhadora foram proibidos, censurados e tiveram seus militantes perseguidos e assassinados pelos mais distintos tipos de regimes burgueses.

O primeiro governo de Frente-Popular na história e o combate de Lenin

Os governos de Frente-Popular ou de conciliação de classes, sempre geraram inúmeras polêmicas entre as organizações operárias e de esquerda. No movimento operário russo não foi diferente. Ao longo do século XX e nos inícios do nosso século, o fato de partidos de origem operária formarem governos em comum com a burguesia, sempre levou a governos burgueses para administrar as crises do capitalismo, beneficiando a classe capitalista e não a classe operária.

Lenin enfrentou o primeiro governo deste tipo em seu país. Em fevereiro de 1917, uma revolução derruba o czarismo e leva ao poder um governo de coalizão formada fundamentalmente pelo partido socialista revolucionário, pelos mencheviques (setor reformista do partido operário socialdemocrata russo) e o partido Cadete, liberal-burguês. A prática desastrosa dos mencheviques no governo, se chocando permanentemente com as reivindicações dos trabalhadores, mostrou que governar com a burguesia é sinônimo de governar para ela. Neste contexto, Lenin volta do exílio e elabora as famosas Teses de Abril, onde propõe que o proletariado russo lute para derrubar o governo de coalização de classes e implemente um governo seu, sem participação de nenhum setor burguês. Ao mesmo tempo, Lenin ainda sustenta uma dura batalha no seio do próprio partido bolchevique, quando Stalin e Kamenev, que estavam à frente do trabalho partidário na Rússia, defendiam o “apoio crítico” ao governo.

Em meio a novos governos de frente-popular e a rendição da ampla maioria da esquerda a eles, os ensinamentos do velho dirigente bolchevique seguem atuais. Os que apoiam governos de conciliação de classes na Venezuela, Bolívia, Equador e agora também no Uruguai, onde setores burgueses governam ao lado de organizações de origem na classe trabalhadora, nada mais fazem do que reproduzir a velha teoria menchevique de governar em conjunto com a burguesia que Lenin derrotou há quase um século. Assim como Stalin fez após a morte de Lenin, muitos hoje tergiversam a obra de Lenin para apoiar este tipo de governo. Estes setores da esquerda nada mais fazem do que entrar em um beco sem saída, pois não conseguem explicar porque Lenin não apoiou o governo de conciliação de classes em seu país. O maior empreendimento histórico de Lenin em vida foi justamente o de dirigir a derrubada do governo de frente-popular varrendo também do poder os partidos operários que tinham optado pelo “caminho mais fácil” para chegar ao poder. O partido bolchevique de Lenin, mesmo quando ainda as massas trabalhadoras da Rússia apoiavam o governo de coalização de classes e o partido menchevique dirigia politicamente a maior parte dos operários, soube nadar contra a corrente. Defendeu intransigentemente a independência de classe dos trabalhadores e “explicou pacientemente” a necessidade dos trabalhadores não se subordinarem politicamente a nenhum setor burguês, mesmo que ele tente aparecer como mais “progressivo” que outro como tentavam parecer os burgueses que apoiaram a queda do czarismo na Rússia. Lenin dizia que era preciso esperar e ajudar os trabalhadores a tirar conclusões sobre o caráter do governo a partir das suas lutas e experiências práticas. Nos meses que antecedem a Revolução de Outubro, se tornou célebre sua frase: “Não temos medo de ser minoria, a hora do bolchevismo chegará”. E de fato chegou.

O combate ao lado de Trotski contra a burocratização da URSS

Muitos intelectuais e militantes de esquerda, influenciados pela propaganda ideológica da burguesia contra Lenin, chegaram a uma conclusão completamente equivocada, de que as monstruosidades cometidas por Stalin à frente da burocracia soviética seriam apenas uma continuidade irreversível do leninismo. Este erro amplamente difundido, não leva em conta a última batalha de Lenin.
O último grande combate de sua vida foi contra o início da burocratização do primeiro estado operário. Porém, para falarmos do avanço da burocracia na URSS, é preciso contextualizar historicamente. Os bolcheviques, na sua tomada do poder em outubro, apostavam que a Revolução na Rússia seria um forte impulso a novas tomadas de poder nos países mais desenvolvidos da Europa, sobretudo a Alemanha. De fato, a simpatia e empolgação nos meios operários com as notícias que vinham da Rússia ocorreram no mundo todo. Porém, apesar de algumas tentativas, como na Alemanha em 1919 e 1923, o proletariado não logrou derrotar a burguesia em mais nenhum país. Combinado com este isolamento, o operariado russo ainda teve de enfrentar uma guerra civil onde cerca de 20 países capitalistas montaram um exército contra-revolucionário, conhecido como Exército Branco, para derrotar o governo dos bolcheviques na Rússia. Apesar da vitória na guerra, o governo soviético sofreu com um declínio brutal das forças produtivas e também com o desaparecimento de grande parte dos melhores e mais ativos operários que infelizmente tombaram em combate.

Neste período de tantas baixas, a burocracia do estado e do partido, começa a adquirir um poder muito grande. Encontra como seu chefe um antigo dirigente bolchevique, cuja obra poucos conhecem até então, Josef Stalin. Lenin, ao ver com clareza a burocratização em curso, propõe a Trotski uma batalha em conjunto contra a burocratização e contra Stalin. No seu testamento, Lenin deixa escrito que é preciso retirar Stalin do posto de Secretário-Geral: “proponho aos camaradas que pensem a forma de passar Stalin a outro posto e nomear a este cargo outro homem que se diferencie do camarada Stalin em todos os demais aspectos apenas por uma vantagem, a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais correto e mais atento com os camaradas...”


A morte de Lenin coloca Trotski em uma condição muito mais difícil para seguir a batalha contra a burocratização. Uma das grandes batalhas da vida de Trotski após a morte de Lenin, foi seguir esta luta que iniciaram juntos, elaborando uma obra de imenso valor acerca do tema com livros brilhantes como A Revolução Traída. A burocracia chefiada por Stalin foi feroz contra Trotski, o expulsou do partido, da URSS, e depois de pouco mais de uma década de perseguição, o assassinou. Além de Trotski, a burocracia stalinista ainda comandou o assassinato dos principais dirigente bolcheviques da Revolução de Outubro como Zinoviev, Kamenev, Bukharin, Preobrajenski, Antonov-Ovseenko, Smilga, Smirnov, entre outros milhões de deportados e assassinados..

Não temos dúvidas de que a obra de Lenin tem um imenso valor para nós, militantes socialistas que vivemos neste conturbado início do século XXI, onde a classe trabalhadora e a juventude voltam a promover, nos diversos continentes, do mundo árabe à Europa, da Turquia ao Brasil, imensas mobilizações, insurreições e revoluções e também onde milhares de ativistas surgem nas lutas sociais por todo o mundo buscando uma nova sociedade sem exploração nem opressão.

****************************
*Diego Vitello é bancário no Rio Grande do Sul e dirigente da Corrente Socialista dos Trabalhadores - tendência interna do PSOL.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Pará banhado de sangue


Acompanhando as estatísticas deste fim de semana nas zonas de conflito pelo mundo árabe, como a Guerra do Iraque (onde houve trinta mortes), a Guerra do Afeganistão e mesmo a da Síria, onde há uma sangrenta ditadura, não ultrapassam no mesmo período os números da carnificina que vem ocorrendo no Pará.

A cada semana há um novo macabro recorde de pessoas mortas de forma violenta.

Sabemos que o país se arrepia com as notícias que vêm do complexo penitenciário de Pedrinhas no Maranhão, mas o horror que ocorre nas ruas do Pará e de Belém são igualmente ou mais tenebrosos.

Na capa do Diário do Pará (imagem) desta segunda-feira, 20, a manchete mostra que são 38 mortes violentas em um único final de semana, sendo 20 só na capital. Este índice supera de longe estados e regiões metropolitanas muito mais populosas, como de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.

Números que contrastam com o relatório da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP) divulgado semana passada sobre a quantidade de crimes ocorridos nos últimos anos no Pará. Fazendo malabarismo com as estatísticas a Secretaria afirmou haver diminuído os crimes. Mas foi impossível esconder a verdade: estupros, segundo a SEGUP, cresceram em mais de 30% nos últimos 3 anos.

 A Capa do Diário mostra uma foto do filme de terror que assola a população de nosso estado, no entanto, é mais um exemplo de que os dois principais grupos de comunicação no Pará (Rede Brasil Amazônia de Comunicação - afiliada à Rede Bandeirantes e as Organizações Rômulo Maiorana - afiliada à Rede Globo de Televisão) só fazem jornalismo de verdade quando lhes convém, ou seja, depende da posição que estejam em relação ao Palácio dos Despachos (sede do governo estadual). Óbvio.

Até bem pouco tempo, o senador Jader Barbalho (PMDB/PA), Helder Barbalho (seu filho e pré candidato ao governo do estado) e o PMDB estavam na base de apoio e ajudaram a eleger para o executivo estadual o senhor Simão Robson Jatene (PSDB). Neste período o Grupo RBA, o que inclui o Diário do Pará, de propriedade da família Barbalho, não dizia uma vírgula contra o aliado.


Bastou romperem, pura e simplesmente pela disputa de poder, para o Diário deixar de "comer abíu" e começar a mostrar um pouco da dura e bárbara realidade enfrentada pelo povo paraense, que durante muito tempo eles ajudaram e/ou ajudam a esconder. 

Atualizado às 12h44min, 20/01/2014

A Veja (des)informa


Assembleia Popular de Itaocara/RJ, governada pelo socialista Gelsimar Gonzaga (PSOL). Foto: Divulgação.
Dia 12 de janeiro (domingo) o site da revista Veja publicou uma extensa nota sobre a administração popular do PSOL no município de Itaocara/RJ. Da longa entrevista efetuada ao Prefeito, companheiro Gelsimar Gonzaga, praticamente não reproduz nada. Se utilizando de inverdades e deturpando os fatos, o jornalista aproveita o espaço para deflagrar um virulento ataque ao partido e especialmente à esquerda que não aceita ser domesticada.
 

Não poderia ser diferente. A linha editorial da Veja representa o que há de mais atrasado no espectro ideológico e político do Brasil. Acostumados a ser governo, estão em decadência, pois a velha direita – da qual Veja faz parte -, foi substituída por uma nova direita muito mais hábil e com verniz vermelhinho e popular (os governos do PT). Pior do que ser de direita, é ter seu lugar roubado pelos antigos inimigos de esquerda e depender deles para ter contratos milionários assinados com o Estado brasileiro.
 

Daí que os ataques da Veja são verdadeiros elogios, pois nos indicam que estamos no caminho certo. Não que vamos resolver todos os problemas, pois o PSOL não governa o país, nem o estado do Rio de Janeiro e ninguém pode acreditar que é possível fazer a Revolução ou construir o socialismo a partir de um pequeno município. Mas o ataque desproporcional desta matéria contra a administração de Itaocara demonstra um ódio de classe e o desconforto que nosso governo traz para os interesses da velha prática política. Para nós foi a “prova dos nove”, a prova de que o Governo do Povo de Itaocara está indo muito bem!
 

Sucupira?
 

Destilando ódio na tentativa de ridicularizar nossa administração, a Veja compara Itaocara à Sucupira, a cidade do carismático e corrupto Prefeito Odorico Paraguaçu. Nela se passam as histórias onde o genial Dias Gomes fez uma caricatura perfeita do que é a política em nosso país. Criticando e ironizando as obras superfaturadas, as negociatas, a política de troca-troca, e, porque não (?), o recebimento de verbas públicas por grandes jornais e REVISTAS, esses tipos de coisas que nossos detratores conhecem muito melhor que nós.
 

Gelsimar não é Odorico e Itaocara não é Sucupira. Longe disso. Gelsimar Gonzaga é um trabalhador, um sindicalista, um lutador do povo, e nos orgulha que tenha chegado à Prefeitura depois de muitos anos de batalhas políticas e eleitorais sem mudar de lado. Odorico Paraguaçu representa a atual classe dominante, inescrupulosa e corrupta, e nesse sentido pode ser assemelhado a muitos dos ex-presidentes ou governadores de Estado pelos quais Veja nutriu paixão servil. 

A História não pode ser apagada.
 

Itaocara é a anti Sucupira brasileira e este talvez seja o maior legado até aqui: demonstrar que a velha política pode e deve ser superada! O que destaca Itaocara não é o caos como tenta passar a Veja. É a participação popular nas decisões do governo. É o ineditismo das assembleias populares escolhendo secretários, ou recebendo prestação de contas do governo. O que para nós é um dever, governar junto à população, para a Veja é um “caos”.
 

Sucupira hoje é o Brasil do Mensalão, tanto o do PT que Veja se escala para ser denunciante número 1, quanto o do DEM de Brasília e o Tucanato Mineiro, que Veja faz questão de não comentar. Sucupira é a entrega do patrimônio público como o Pré-Sal, os portos e aeroportos em troca de financiamento de campanha ou de polpudas comissões; é o financiamento da Copa com dinheiro público em detrimento da saúde e da educação. Sucupira é o Estado do Rio de Janeiro, que apesar dos demagógicos discursos, depois de três ou quatro anos, tem a construção de casas para as tragédias de Niterói e da Região Serrana avançando a passos de cágado. Sucupira é o Maranhão, onde impera a barbárie e o crime enquanto os Sarney compartilham com Lula e o PT a farta mesa de lagostas, caviar e champanhe.
 

Nada disso acontece em Itaocara. O passe-livre para os estudantes do município que parece incomodar a Veja é bancado com o que nossa administração conseguiu poupar acabando com licitações duvidosas e terceirizações desnecessárias, na prática, pagamos o passe livre porque acabamos com a corrupção. Diferente do que publica a revista, Itaocara tem avançado muito na área de saúde. Bem que o jornalista Daniel Haidar tentou insistir no hospital para escrever que não tinham médicos, mas infelizmente para Veja o número de médicos do município dobrou. Tivessem pesquisado os medicamentos, teriam percebido também que em um ano de governo, dobramos o número de pacientes atendidos com medicação gratuita fornecida pela Prefeitura; Veja também não quis registrar, embora tenhamos mandado por escrito e falado pessoalmente, a compra de novos veículos para o transporte de pacientes para outros municípios. 

O aparelho de ultrassonografia, comprado com muito esforço e que chegara uma semana antes, é apresentado por Veja de nariz torcido mas, por sorte, será de grande utilidade para a população e nada do que Veja escrever irá mudar este fato; e a cartada final de Veja na saúde foi tentar colocar em nossa conta o fato do Hospital estar numa área de risco, ao invés de ressaltar que desde o início do mandato essa tem sido a principal luta da administração em construir um novo hospital em um local seguro.
 

Também em obras públicas avançamos e muito. A Veja se regozija informando que o Programa “Somando Forças” do governo Sérgio Cabral, seguindo a velha prática de beneficiar só aliados, não destinou recursos para Itaocara, mas apesar disso asfaltamos diversas ruas com recursos próprios, compramos um caminhão compactador de lixo e conseguimos recuperar cerca de 07 máquinas pesadas que estavam virando sucata nas administrações anteriores, tudo isso no bojo de ir rejeitando a sanha e as cantadas privatistas, que também se enraízam nas pequenas cidades brasileiras.
 

Marcelo Freixo, Chico Alencar, Jean Wyllys...
 

A administração do PSOL em Itaocara tem muito orgulho de contar com o apoio efetivo e concreto dos destacados parlamentares psolistas. Apoio técnico, político, com emendas parlamentares e interlocução. O PSOL no Estado do Rio é a força política que mais cresce, em cada manifestação, nas lutas, greves e também nas eleições. Esse é um dos motivos pelos quais somos atacados pela revista Veja.
 

Como não tem nada a dizer contra nossos parlamentares e da relação destes com a prefeitura de Itaocara a Veja “denuncia” que Chico e Jean Wyllys apresentaram emendas no valor de 3 milhões de reais cada um “para tirar o poder público da imobilidade”. Perguntamos: qual é o problema dos parlamentares do PSOL ao exercer seu direito de destinar recursos públicos para obras públicas num município de seu estado? Mas o que é uma mentira deslavada é que a Prefeitura esteja imobilizada. Nem a difícil relação com a Câmara de Vereadores, nem a falta de apoio do governo estadual e federal, conseguiram impedir avanços para a população de Itaocara, que como reflexo das jornadas de junho tem se manifestado nas ruas contra a velha política.
 

Mas o “relato” da Veja não para por aí. Querendo, sem conseguir, dar uma de Dias Gomes, o jornalista escreve sua própria novela: para “evitar o vexame”, salvar o Gelsimar e ter os votos do PR em favor da deputada Janira Rocha, o deputado Marcelo Freixo teria feito uma “composição” com Antony Garotinho! Quanto delírio! É certo que Marcelo Freixo chamou Garotinho, mas não para fazer composição política e sim para exigir que os vereadores de sua base parassem na sua intenção de dar um golpe no Prefeito eleito democraticamente. O mesmo que foi discutido na reunião posterior com os vereadores e o deputado do PR. Essa é a verdade das coisas.
 

Salários atrasados, greve dos médicos e CPI
 

O ano não terminou com salários atrasados. Aliás, em um ano de mandato, só houve atraso de pagamento de uma categoria que foi a dos médicos, por cerca de 10 dias, em novembro, não por culpa da prefeitura, mas pela demora na aprovação da suplementação de verbas por parte da Câmara de Vereadores, o que motivou a ida do Prefeito Gelsimar até o Calçadão, fato este que está registrado no vídeo que Veja colocou em seu site. Ainda assim, esta greve por um pequeno atraso de salários, foi apoiada pelo Prefeito e pela Prefeitura. Além disso, não houve sequer um dia de atraso no pagamento dos servidores durante o ano inteiro. Será que Veja está se referindo ao fato de o pagamento de dezembro ter saído no dia 24/12? Se for, nos cabe informar que o salário saiu cerca de 15 dias antes do seu prazo legal, que é sempre o 5º dia útil do mês seguinte ao que foi trabalhado. Infelizmente, quem lê a matéria da Veja e não ler nossa nota vai ficar pensando que em dezembro ninguém recebeu salário por aqui... Lamentável, Veja.
 

Sobre a CPI, Veja curiosamente esqueceu-se de informar qual o motivo e a justificativa da mesma. Talvez porque nem Veja pudesse defender o absurdo que é ter uma CPI aberta por supostos ofícios não respondidos. Não informou também que a CPI foi derrubada na justiça comum por iniciativa do único vereador do PSOL na cidade – Fernando Arcênio - e que agora há uma Comissão Processante, sob o mesmo tema, com os mesmos argumentos, mesmo com todos os ofícios respondidos. É um absurdo tentar passar a imagem para o país que Gelsimar esteja sendo acusado de algum ilícito ou falta moral, coisa que nem a oposição de direita da cidade ousa fazer.
 

Uma nova forma de governar
 

Na sua intenção de demonstrar o caos, a Veja diz que “a falta de disposição para negociar” é a que causa “paralisia” na cidade e teria produzido o rompimento do Vice Juninho com Gelsimar. Mais uma mentira. Como já demonstramos anteriormente, a Prefeitura não está paralisada, pelo contrario, convocou importantes mobilizações para incorporar a população no debate aberto da cidade, avança na saúde, avança na educação, onde em 2014 teremos diminuído a média inaceitável de 40 alunos por sala de aula para 25, nos serviços básicos da cidade, nos direitos dos servidores concursados que neste mês de janeiro irão estrear o vale alimentação no valor de R$107,00. A concepção de crise e caos da Veja é muito peculiar mesmo. Também não é verdade que não queremos negociar. Mas negociar o que, e como? O Prefeito aceita negociar, mas sob a condição que já transmitimos publicamente: de forma pública e transparente. Veja confunde negociação com negociata. Infelizmente, o que a oposição de direita quer é partilhar as verbas do município em beneficio próprio e isso não vamos aceitar. Querem perpetuar as velhas práticas e manter fatias da administração sob seu comando para utilizar eleitoralmente.
 

O diferencial de nossa administração que tanto horroriza a Veja é a total honestidade, transparência e participação popular. Por isso instalamos o Portal da Transparência, por isso nosso Prefeito continua se comunicando com a população de forma direta através dos alto falantes montados no seu fusca, por isso iremos fortalecer as assembleias por bairros, por setores, por categorias como já vínhamos fazendo durante 2013.

Finalmente

 

As críticas da Veja são músicas para nossos ouvidos. Para quem está governando para o povo pobre e trabalhador, respeitando os compromissos de campanha e enfrentando os métodos de “toma-lá-dá-cá” da velha política, as calúnias de quem foi cúmplice e colaborador da ditadura militar, como ela teima em não reconhecer, são elogios. Depois de rifarem Mino Carta, seu idealizador e Editor Chefe, escancarou-se a linha pró-militares sob o comando geral de Roberto Civita. Veja vive nessa época, desses tempos até 2002, sentindo saudades de FHC e outros. 

Dos tempos atuais, a editora Abril gosta apenas dos contratos milionários, como o que acaba de assinar com o Ministério da Educação. Definitivamente, o que Veja mais odeia desses tempos são as milhões de pessoas nas ruas, como estamos fazendo agora. Nosso caminho continuará a ser do lado da população que quer mudanças e longe, bem longe dos velhos métodos e das historias dos políticos da ordem e de publicações como a Revista Veja.
 

Itaocara, 14 de janeiro de 2014
Diretório Municipal PSOL

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Facebook apóia o racismo e o apartheid no Brasil

Ao retirar do ar as páginas de convite de rolezinhos, o Facebook interfere de forma direta na polêmica. Ou melhor: mostra a que senhores serve, desrespeitando milhares e até milhões de seus usuários, se colocando ao lado das administradoras de shoppings e fortalecendo crimes como racismo.

Veja comentário no facebook de um usuário e em seguida matéria do UOL que fala das prováveis exclusões dos convites da rede social.

"As redes sociais não são tão democráticas assim. Um bom tema para uma pesquisa seria esse tipo de censura, né professor Mário Camarão?
Tu denuncia e denuncia páginas neonazistas, pedófilas, racistas, de apologia ao estupro etc e o facebook não faz nada. Agora basta os shoppings exigirem seu direito de apartheid que o facebook tira na hora os eventos de rolezinho." - Caio Dorsa, estudante de História, Porto Alegre/RS.


Shoppings dizem que Facebook tirou do ar convites para rolezinhos em SP

Por Wellington Ramalhoso, para o UOL

O Facebook tirou do ar páginas criadas por usuários da rede social para a realização de rolezinhos em shoppings de São Paulo. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (15) pelo presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), Luiz Fernando Veiga.

O dirigente não soube informar que centros comerciais conseguiram a retirada e se eles recorreram à Justiça, mas afirmou que as páginas continham ameaças. "Naquelas programações de eventos de rolezinhos havia atitudes absolutamente criminosas e ilegais, como incentivo ao uso de maconha, a entupir os vasos sanitários e a interromper as escadas rolantes". Procurado pela reportagem, o Facebook não confirmou a remoção de páginas.

Representantes de 55 shoppings da Grande São Paulo se reuniram na tarde desta quarta na capital paulista para discutir medidas de prevenção contra os rolezinhos. Veiga disse que o encontro serviu para a troca de experiências e ideias. Não foram definidas diretrizes gerais para os shoppings.

O presidente da Abrasce também afirmou que não há consenso sobre a possibilidade de os shoppings recorrerem à Justiça para exigir dos frequentadores a apresentação de documento na entrada dos centros, mas afirmou que a medida, adotada no último sábado (11), pelo Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, não é discriminatória.

"O filho de um amigo meu, que é de classe A, também teve de apresentar documento. É uma tentativa a mais de segurança. Você não entra em uma ponte aérea Rio-São Paulo sem mostrar a identidade. Isso é corriqueiro", declarou. "Não fazemos discriminação em shoppings. Shopping é uma propriedade privada de uso público. Entra quem quer entrar. Não queremos que pessoas façam coisas arbitrárias dentro de um shopping. Se entrarem cordialmente, ninguém será barrado".



11.jan.2014 - Jovens marcaram via Facebook um "rolezinho" no Shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo. O shopping reforçou a segurança e pediu apoio da Polícia Militar. Lojas fecharam as portas temporariamente e frequentadores ficaram assustados com a presença dos grupos de pessoas que circulavam pelo local Leia mais Bruno Poletti/Folhapress
O dirigente também afirmou que o representante de um shopping onde se realizou um rolezinho contou ter tomado medidas preventivas que podem ser adotadas por outros centros comerciais, como monitorar as redes sociais, reforçar a segurança e firmar acordos com supermercados próximos para dificultar a venda de bebida alcoólica no dia do encontro dos jovens.

Veiga ainda se mostrou preocupado com o fato de a presidente Dilma Rousseff temer a expansão dos rolezinhos no país. O presidente da Abrasce avalia que o serviço de inteligência do governo pode ter detectado riscos mais graves nos encontros de jovens da periferia.
"O fato de ela (Dilma) entender isso nos preocupa um pouco mais porque tudo aquilo que a gente não quer é que o Brasil descambe para o vandalismo, para a agressão. Porque isso prejudicaria a todos, não só os shoppings".


A Abrasce reunirá representantes de shopping em Porto Alegre, amanhã, e no Rio de Janeiro, na sexta-feira, para discutir os rolezinhos.

Atualizado às 13h15min, 16/01/2014

Falta do que fazer

Vejam a notícia clicando no link abaixo e me digam se ela não é de indignar. 

O Diário on line, portal de notícias do Diário do Pará, de propriedade do senador Jader Barbalho (PMDB/PA), que certamente é um dos políticos sob os quais pesam as maiores denúncias de corrupção, não tardou em divulgar que em Belém uma turba enfurecida de jovens da periferia já preparam um rolezinho. E mais, disseram que a "Inteligência da PM já monitora as redes sociais" para averiguar qualquer possibilidade de problema. 

Gente, sério!, me recuso a aceitar que no estado do Pará, que é campeão de mortes no campo, e por isso diversas vezes denunciado por impunidade nos tribunais internacionais; um estado que tem uma média de 8 homicídios diários; que tem uma das populações com maior sentimento de insegurança no país, segundo o IBOPE; onde graça crimes como a "saidinha bancária", furtos, assaltos e sequestros relâmpagos, que a Inteligência da PM se reúna diariamente para ficar atrás de um monitor olhando facebook de estudante... 

Seria cômico se não fosse trágico

O que pensar diante de uma situação tosca e absurda como essa? Que a Inteligência da Polícia não serve pra salvar nossas vidas ou para evitar um furto ou um assalto, serve única e exclusivamente para "monitorar lideranças" e reprimir os movimentos sociais. São milhões e milhões de reiais todos anos para a "Inteligência". Cem câmeras só em Belém. Mas não são para lhe proteger. Pelo contrário! São para ajudar os corruptos a manterem o status quo. Para estarem um passo adiante quando os negros, favelados e pobretões resolverem cobrar a fatura da dignidade que as elites historicamente vem lhes roubando. Milhões e milhões de reais, que certamente farão falta para aquisição de coletes a prova de bala para salvar a vida de um policial no front ou para comprar combustível para manter as rondas comunitárias.

Vergonhoso!

Agora pelo conteúdo da matéria e por outras reportagens, a gente percebe que o governo federal, bem como as elites locais através de Diário, Liberal, Jader, Jatene, estão, como se diria no popular: borrados de medo da força que vem das ruas, principalmente da periferia.

Sabendo desse histórico de violações de direitos contitucionais e humanos por parte do estado, que a Defensoria Pública do Estado, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem doas Advogados do Brasil - Seção Pará, bem como as assessorias jurídicas de diversos sindicatos, como Sintsep/PA, já estão apostas e estarão de plantão no dia do Rolezinho/Belém para garantir o direito democrático de todo cidadão em se manifestar e o sagrado direito de ir e vir. São medidas que terão o intuito de coibir a tentativa das forças de repressão e governos de tentarem rasgar a Constituição Federal.

Chega de marginalização da pobreza e de apartheide!
Abaixo o racismo!
Em defesa do direito de ir e vir!

P.S.: Que tal um Rolezinho na TV RBA?

*************************** 

PM monitora "rolezinho" em Belém nas redes sociais