segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Greve: jovens jornalistas deram aula de luta de classes e derrotaram oligarquia dos Barbalho

A greve dos trabalhadores do Diário do Pará e do Diário Online deixaram importantes ensinamentos e representaram as maiores conquistas econômicas e políticas da categoria dos jornalistas nas últimas décadas no país. 

Após sete dias de histórica e épica greve, conseguiram arrancar dos escravocratas do Grupo Rede Brasil de Comunicação (RBA, afiliada do Grupo Bandeirantes de Televisão): senador Jader Babalho (PMDB/PA), Jader Barbalho Filho (presidente do Diário), Helder Barbalho (candidato do PMDB ao governo do Pará ano que vem) e Camilo Centeno (superintendente do Grupo RBA) o pagamento do piso, mais 30% de reajuste imediato e mais 20% até abril/2014. Além disso, conquistaram acima de tudo algo que não tem preço: RESPEITO de todo a sociedade paraense e brasileira, que se manifestou em defesa desses talentosos, valorosos, inteligentes e guerreiros trabalhadores da imprensa.

Acerca dessa histórica vitória, vejam o que bem escreveu no facebook o jornalista Eraldo Paulino:

"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás" Che Guevara. (Foto: Tarso Sarraf)

Assim como todos, tenho muito a dizer e escrever sobre tudo que passamos. Mas a primeira coisa a qual preciso fazer memória foi um gesto que para mim sintetiza a razão de nossos passos suados, cansativos e vitoriosos. Não lembro se era quinta ou quarta, embaixo daquela barraca estávamos partilhando comida e bebida, em mais um momento de comunhão. Havia muitos pratinhos descartáveis e muitos sacos de lixo. A Edmê Gomes servia a sopa e eu, logo após terminar, me propus a assumir a concha pra ela comer. Mas ela não quis um prato limpo, simplesmente perguntou: "foi você quem bebeu aqui?", e após ter a confirmação ela estendeu a vasilha e eu pus duas conchas e meia. A única exigência era carne sem gordura.

Naquele momento senti uma coisa mágica, uma emoção inexplicável que eu não conseguia entender, e talvez até agora não consiga, embora hoje tenha um palpite. Porém, antes desse "chute" gostaria de dizer, para quem não conhece, quem para mim é Edmê. Ela foi meu ponto de referência em todo esse movimento. A pessoa para quem eu olhava primeiro a cada votação, e quem me fazia ficar em dúvida de minhas próprias decisões quando discordávamos. Ela foi minha consciência ambulante a cada debate, a cada momento de tensão. Obvia e compreensivelmente ela nem sempre estava certa, contudo, penso, ela talvez seja uma das pessoas que mais me decifra (embora eu jamais vá admitir isso a ela). Além disso, desde quando entramos pela mesma porta na empresa através da Escola Diário de Jornalismo enxergo nela a mais perfeita tradução da coerência.

Nosso levante foi taxado (corretamente) de radical porque bebeu daquilo que é mais essencial, que vem da raiz do jornalismo: a vontade de mudar. Nós resolvemos dividir nossos sonhos no mesmo prato, e confiávamos plenamente em cada parceiro de trincheira. Tenho certeza que ela não comeria no mesmo prato de qualquer um, mas não se negaria ao de nenhum do nosso "Núcleo Duro" de grevistas - pouco mais de duas dezenas de doces vândalos. E isso é recíproco, tenho certeza. Alguns lembrarão no futuro da história que estamos escrevendo, outros lembrarão das manchetes em sites alternativos, alguns talvez de uma foto, de uma palavra de ordem, ou terão vontade de rever Saltimbancos. Contudo nós, cada um e cada uma de nós, além disso tudo lembraremos das nossas sagradas e infames partilhas e da amizade forjada na luta.

Estávamos na estrada da profissão como os discípulos de Emaús (Lc 24, 13 - 35), conforme narra a comunidade de Lucas. Estávamos tristes, confusos, perdidos, mas ao repartirmos o pão que alimenta nossa dignidade enquanto gente e jornalistas, ou seja, a vontade infantil (sim, por que não admitir que é infantil?) de mudar o mundo, reconhecemos novamente nossas raízes. E honrando a etimologia estereotipada da palavra "RADICAL" decidimos radicalizar. Tomamos sopa no mesmo prato. Bebemos água no mesmo copo. Compartilhamos das mesmas angústias e choramos juntos muitos choros (a Edmê mais, é verdade). Podem (eu deixo) nos taxar de vândalos quando tiverem raiva, ou de loucos quando simplesmente não nos entenderem, esse momento nunca mais vai voltar, e bendito seja quem viveu.

Muitos de nós não somos cristãos. Outros são de alguma forma. Mas desde os primeiros dias nos comparo aos primeiros cristãos em relação ao Império Romano. Quando simplesmente movidos por uma fé que questionava aqueles poderosos os cristãos eram submetidos à tortura ou a ficar no meio de uma arena para enfrentar leões, aquelas pessoas muitas vezes sorriam. Sabiam que manifestar o que acreditavam poderia lhes custar a morte, mas quando a morte parou de ser temida por tantos o império teve de se render. Cooptaram depois aqueles crentes através de estratagemas políticos, é verdade. Mas aquele espírito nunca morreu e habitou em nós como fez morada em gente como Dorothy e Chico Mendes e outros tantos exemplos de como o temor não silencia a voz de quem tem algo mais importante com o que se preocupar. Se tínhamos medo de sermos demitidos? Houve até quem desejasse apanhar, devo dizer. Parafraseando Arnaldo Antunes, a gente não quer só emprego, a gente quer emprego e felicidade.

Honramos a terra paraense e amazônida onde pisamos. Honramos a terra da Guerrilha do Araguaia (Salve Ismael e Thiago Araújo), honramos a Cabanagem, honramos o jornalismo.

Portanto, para mim esses dias todos vividos foram uma grande comunhão. Por isso gostaria de partilhar algo que sempre ouço em momentos como esse com outros amigos de profecias:

PÃO DA IGUALDADE

"Se calarem a voz dos profetas,
as pedras falarão.
Se fecharem os poucos caminhos,
mil trilhas nascerão.

Muito tempo não dura a verdade,
nestas margens estreitas demais,
Deus criou o infinito pra vida ser sempre mais.

(REFRÃO)
É Jesus este Pão de igualdade,
viemos pra comungar,
com a luta sofrida de um povo
que quer, ter voz , ter vez, lugar.
Comungar é tornar-se um perigo,
viemos pra incomodar,
com a fé e a união nossos passos um dia vão chegar.

O Espírito é vento incessante
que nada há de prender.
Ele sopra até no absurdo, que a gente não quer ver.
Muito tempo não dura a verdade,
nestas margens estreitas demais.
Deus criou o infinito pra vida ser sempre mais.

No banquete da festa de uns poucos,
só rico se sentou.
Nosso Deus fica ao lado dos pobres,
colhendo o que sobrou.
Muito tempo não dura a verdade,
nestas margens estreitas demais.
Deus criou o infinito pra vida ser sempre mais.

O poder tem raízes na areia,
o tempo faz cair.
União é a rocha que o povo usou pra construir.
Muito tempo não dura a verdade,
nestas margens estreitas demais.
Deus criou o infinito pra vida ser sempre mais."

Jatene desvia recursos da Taxa Mineral

Jatene desvia recursos da Taxa Mineral (Foto: Salviano Machado/Vale)
Vale leva nossas riquezas, deixa os buracos, as doenças, o caos social e a destruição ambiental. Foto: Salviano Machado

Um dos segredos mais bem guardados da área econômica do governo Simão Jatene é finalmente revelado: a atual gestão está desviando os recursos arrecadados com a Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (TFRM), mais conhecida como Taxa Mineral, pelo Estado junto às empresas mineradoras e que vem sendo cobrada desde o ano passado. A prática de Jatene configura crime de responsabilidade fiscal e improbidade administrativa. O governo não diz o que faz com o dinheiro.

Em vez de investir os milhões arrecadados com a taxa em ações de fiscalização e controle da atividade minerária realizada no Pará, o governo tucano vem usando o dinheiro para o pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores (DEA), dívidas que já deveriam ter sido pagas, mas que passaram para anos seguintes, e de serviços e obras de empresas de engenharia realizadas em municípios no interior. Algumas fontes consultadas pelo DIÁRIO afirmam que até o pagamento de salários do funcionários foram feitos com esses recursos.

O DIÁRIO apurou junto a empresas mineradoras que o governo arrecada, por mês, entre R$ 30 e R$ 32 milhões com a taxa, sendo que apenas a Vale é responsável por quase 90% desse montante. A taxa entrou em vigor em maio de 2012. Tirando por essa média de arrecadação mensal, o Estado recebeu até agora cerca de R$ 600 milhões das mineradoras. Hoje o minério de ferro representa 95% da arrecadação do Estado. Pará e Minas, juntos representam 75% da produção mineral brasileira.

O Projeto de Lei (PL) Ordinária 215/ 2011, que cria a TFRM e o Cadastro Estadual de Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (CFRM), foi aprovado por unanimidade dia 13/12/11 na Assembleia Legislativa do Estado. Além do Pará, Amapá, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul adotaram a cobrança das empresas mineradoras.

O artigo 2° do projeto diz que o fato gerador da TFRM é “o exercício regular do poder de polícia conferido ao Estado sobre a atividade de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento, realizada no Estado, dos recursos minerários”, e que esse poder será exercido pela Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) para “planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar, controlar e avaliar as ações setoriais relativas à utilização de recursos minerais e à gestão e ao desenvolvimento de sistemas de produção, transformação, expansão, distribuição e comércio de bens minerais”, além de “registrar, controlar e fiscalizar as autorizações, licenciamentos, permissões e concessões para pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerários; controlar, acompanhar e fiscalizar as atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerários; e defender os recursos naturais”.

No dia 22 de fevereiro de 2013, o deputado Martinho Carmona (PMDB), que relatou na Comissão de Finanças da casa o PL que criou a TFRM, protocolou no Palácio dos Despachos ofício solicitando que o governo informasse o quanto o Estado havia arrecadado até então e onde os recursos haviam sido aplicados. Em 24 de abril passado o governador respondeu ao pedido, informando que em 2012 foram arrecadados R$ 538 milhões e, de janeiro a março desse ano, mais R$ 74 milhões, “sendo aplicados em controle, acompanhamento e fiscalização, segurança e infraestrutura da atividade mineral, até o momento, R$ 38 milhões, estando o saldo não aplicado depositado em conta bancária específica, com o objetivo de dar suporte a obras em andamento e em processo licitatório”.

Ocorre que o governador não detalhou onde nem como esses recursos foram aplicados, e tampouco detalhou os processos licitatórios. O Ministério Público e o Tribunal de Contas têm meios de investigar essa questão.

DESVIOS

O DIÁRIO teve acesso a uma consulta feita no último dia 26 no Balancete Geral do Estado referente ao saldo de dezembro de 2012 e que mostra que dos R$ 538 milhões que Jatene diz ter arrecadado com a taxa em 2012 só restavam R$ 159.501.591,73. Fica o mistério: onde foram parar os quase R$ 378 milhões arrecadados em 2012 com a taxa?

O jornal foi mais fundo e conseguiu obter as informações contidas no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), através da fonte de receita da Taxa Mineral (código 03003245) e descobriu vários pagamentos feitos pelo governo com o recurso para uma empresa de engenharia nos meses de março, maio, julho e setembro, totalizando R$ 1.059.809,51. O Balancete Geral Consolidado do Estado mostra ainda que de janeiro a agosto desse ano o governo já havia arrecadado R$ 188.047.466,72 das empresas mineradoras.

O certo é que até o momento não se tem notícias de nenhuma ação de planejamento , organização e controle por parte do governo Jatene no que diz respeito à exploração dos recursos minerais, conforme previsto em lei. Ao contrário dos impostos que podem ser aplicados pelo governo onde se fizer necessário, as taxas quando criadas têm que corresponder a uma contrapartida de serviços a serem feitos pelo agente público. No caso da Taxa Mineral, o montante arrecadado só pode ser utilizado pelo Estado para gerir a exploração mineral.

O DIÁRIO enviou e-mail à Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) pedindo detalhes do valor arrecadado (mês e ano) e onde os recursos da taxa foram gastos até o momento, mas a resposta mais uma vez foi evasiva. “O Governo do Estado já se manifestou sobre este assunto, e as respostas enviadas foram usadas em matéria publicada no próprio DIÁRIO DO PARÁ do dia 11 de setembro último”.Na ocasião a secretaria informou que “os recursos arrecadados devem ser usados para as ações de planejamento, registro, controle e fiscalização das atividades minerais em todas as suas dimensões, isto é, desde a pesquisa, até a lavra, passando pelo beneficiamento, o transporte e o descarte”.

A Seicom disse ainda que tem desenvolvido ações de fiscalização em várias regiões do Estado e promete para “breve” a implantação do primeiro núcleo de fiscalização em Marabá.

(Diário do Pará)

A batalha dos Gatos Pingados

Por Adison Ferrera, no Lenda Pessoal



Movimento grevista durou uma semana (Foto: Tarso Sarraf)
Foi a semana mais longa da minha vida. A voz rouca, o cansaço, os pés ainda doloridos, os dois quilos a menos, são resultados direto desses sete dias que deixamos de cobrir as notícias para nos tornar notícias. Abandonamos o medo e a zona de conforto para construir a nossa própria história. Uma história escrita com mérito plural, diga-se de passagem. Somos todos vencedores.

Na primeira reunião na casa do Elias, realizada a cerca de duas semanas antes da greve, o brilho nos olhos de cada um já anunciava. A gente queria mais. Queria dar um basta na opressão vivida diariamente no jornal de um milhão de leitores. Queria provar que assim como nos relatos bíblicos, poderíamos sim vencer um gigante. Encarar o desafio, ir para a luta, ocupar as ruas, exigir os nossos direitos.

Jornalistas do Diário do Pará e Dol em greve (Foto: Tarso Sarraf)
Éramos todos Leonardo Fernandes. Éramos todos Rafaela Colin. Éramos muito mais que “meia dúzia de gatos pingados”, como ironizou o diretor comercial do Diário do Pará, nas redes sociais, horas antes de a greve ser deflagrada.  Aliás, o comentário do diretor foi um grande exemplo da máxima que o feitiço pode virar contra o feiticeiro. E virou. A ironia do pobre homem se tornou o hino do nosso movimento. “Nós gatos já nascemos pobres. Porém, já nascemos livres...”.

Fechamos rua, brincamos de ciranda, choramos, gritamos aos quatro cantos do mundo que queríamos respeito. Erramos, aprendemos uns com os outros, fizemos da rua uma grande sala de aula, declamamos poesias. Mostramos que é possível sim fazer um novo jornalismo. Provamos que os nossos sonhos ainda não morreram. Ainda não vencemos a guerra, isso é verdade. Mas  quem se atreve a dizer que não ganhamos essa batalha?


Ciranda dos gatos pingados (Foto: Tarso Sarraf)


Obtivemos 50% de aumento em seis meses, ganhamos estabilidade, conseguimos equipamentos de segurança para equipes que cobrem a editoria de policia e, principalmente, não abaixamos a cabeça para o patrão. Ainda falta muita coisa para ser conquistada, claro. Mas isso é apenas o início, apenas a primeira batalha dos gatos pingados. Ou como diria o poeta e jornalista de formação Renato Russo, “Temos muito ainda por fazer /Não olhe pra trás / Apenas começamos”.

domingo, 29 de setembro de 2013

Advogado de mensaleiros no STF, ministro Lewandowski mostra mais uma vez a que senhores serve

Usina gera crise social e ambiental na Amazônia Legal.
STF autoriza retomada das obras da Hidrelétrica Teles Pires

Governo alegou risco de crise energética, e ministro do STF reviu decisão.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski proferiu decisão que autoriza a retomada das obras de construção da Hidrelétrica Teles Pires, em Mato Grosso. Ele reviu uma determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que suspendeu o licenciamento ambiental e as obras de execução do empreendimento.

A decisão é de quinta (26), mas foi divulgada nesta sexta-feira (27) pelo tribunal. Processos que pedem suspensão de outras decisões são sempre avaliadas pelo presidente do Supremo. Como Joaquim Barbosa está em viagem aos Estados Unidos, Lewandowski, como vice-presidente, analisou o caso.
O Ministério Público entrou com ação civil pública na Justiça Federal de Mato Grosso pedindo a suspensão do licenciamento ambiental e das obras de execução porque a população indígena não teria sido adequadamente ouvida. Pediu ainda que fosse realizado novo Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

A 2ª Vara da Justiça Federal do Mato Grosso não analisou o caso, e o MP recorreu ao TRF-1, que deu liminar para suspender as obras.

A União, então, recorreu ao Supremo sob alegação de que a suspensão da obra geraria "grave lesão à ordem econômica", "desequilíbrio no mercado de distribuição de energia elétrica", prejuízo ao planejamento de fornecimento de energia e risco de nova crise energética no Brasil.

O ministro Ricardo Lewandowski concordou com os argumentos. Segundo ele, a crise no setor elétrico em 2001 "tantos transtornos causou aos brasileiros”. "A paralisação da obra que se encontra em pleno andamento poderá causar prejuízos econômicos de difícil reparação ao Estado”, disse na decisão. O magistrado apontou ainda risco de demissão de trabalhadores.

Além disso, Lewandowski afirmou que suspender a construção da hidrelétrica pode favorecer o uso de outras fontes de energia, mais prejudiciais à natureza.

Segundo o governo federal, a Usina de Teles Pires terá potência instalada de 1.820 megawatts, suficiente para abastecer uma população de 2,7 milhões de famílias.

Fonte: G1 Pará, a partir do blog Língua Ferina

Somos todos Munduruku! Índios convocam manifestações por seus direitos territoriais

Grupo acusou Governo da presidente Dilma Rousseff de ser gabinete que regularizou menor número de terras indígenas "desde a redemocratização" do país em 1985

Índios mundurukus, vindos do Pará, se reuniram na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, em protesto contra projeto do governo de construir uma usina hidrelétrica no Rio Tapajós
Índios munduruku: manifestações também contam com o apoio de organizações que defendem os direitos dos povos nativos - Agência Brasil


Rio de Janeiro - Os índios brasileiros convocaram nesta quinta-feira uma série de manifestações em seis cidades do país para a semana que vem para reivindicar seus direitos sobre as terras onde vivem.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a principal organização de etnias nativas do país, afirmou em comunicado que seu objetivo é "protestar contra o ataque generalizado" aos direitos territoriais dessas populações "por parte do Governo", dos latifundiários e de empresas de mineração.

O grupo acusou o Governo da presidente Dilma Rousseff de ser o gabinete que regularizou um menor número de terras indígenas "desde a redemocratização" do país em 1985, além de impulsionar projetos para "restringir drasticamente os direitos territoriais indígenas".

O primeiro ato convocado é uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, na próxima terça-feira, quando o grupo também prevê se reunir com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, além de com legisladores.

Na quarta-feira se realizará um ato público em São Paulo e o resto da semana foram convocadas outras manifestações para Belém, Fortaleza, Pacaraima (Roraima) e Rio Branco.

As manifestações também contam com o apoio de organizações que defendem os direitos dos povos nativos como o Instituto Socioambiental (ISA), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) - ligado à Igreja Católica - e o Centro de Trabalho Indigenista (CTI).

Também deram seu respaldo outras organizações e movimentos sociais como Greenpeace, Coordenação Nacional de Comunidades Quilombolas (Conaq), que defende os direitos dos descendentes de escravos, e o Movimento Passe Livre, grupo que participou das manifestações populares do junho passado, segundo o comunicado.

Fonte: Exame.com

Nomes de artistas que colaboraram com a Ditadura são revelados em documento

Documentos da Ditadura Militar revelam nomes de colaboradores do regime no meio artístico. São citados Roberto Carlos, Agnaldo Timóteo, entre outros

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO
 
roberto carlos ditadura militar
A relação do hoje ‘rei’ Roberto Carlos com generais foi sempre amistos
GABINETE DO MINISTRO 

CIE/GB

ENCAMINHAMENTO 71/s-103.2.cie

FUNDO “DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS”, ARQUIVO NACIONAL,

COORDENAÇÃO REGIONAL DO ARQUIVO NACIONAL NO DISTRITO FEDERAL, SÉRIE
“CORRESPONDÊNCIA OFICIAL”, SUBSÉRIE “INFORMAÇÕES SIGILOSAS”, 
CAIXA ÚNICA

Acervo Arquivo Nacional – COREG

Durante a ditadura militar no Brasil, alguns artistas viraram colaboradores do regime – seja por simpatizarem com os governos militares ou por pura covardia – passando informações sobre o que acontecia no meio artístico e participando de atos realizados nos quarteis.

No documento em anexo produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), classificado como informe interno e confidencial, o CIE reclama que alguns veículos intitulados pelos militares de “imprensa marrom” (tal qual O Pasquim) estariam fazendo campanhas contra alguns artistas amigos e colaboradores da ditadura.

O informe difundido para outros órgãos da repressão política sugere que esses artistas “amigos da ditadura” sejam blindados, protegidos.

(Vídeo) Roberto Carlos mostra sua consideração ao ditador chileno Augusto Pinochet




No documento emitido pelo Centro de Informações do Exército são revelados alguns desses “colaboradores”, considerados pelos militares como amigos, aliados do regime. Segundo o documento, certos órgãos de imprensa estariam publicando matérias denegrindo a imagem de determinados artistas que se “uniram à revolução (sic) de 1964 no combate à subversão e outros que estiveram sempre dispostos a uma efetiva colaboração com o governo”.

São citados Wilson Simonal, Roberto Carlos, Agnaldo Timóteo, Clara Nunes, Wanderley Cardoso e Rosemary.

Clique nos links ao lado para ler os documentos. (Link 1 / Link 2)

Aluizio Palmar, Documentos Revelados. 

Fonte: Pragmatismo Politico

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Crias da mesma costela: Jatene e Helder não pagam o piso salarial


O que explica tamanho ódio pelos trabalhadores, seja no serviço público, ou na iniciativa privada?

Assim como os dois conglomerados da mídia paraense (Grupo ORM e Grupo RBA de Comunicação) promoveram um armistício em função da greve dos empregados do Diário do Pará e Diário Online, podemos dizer também que há um ponto de igualdade entre as elites políticas do estado, a qual fica evidente, por exemplo, quando a gente constata que os dois principais candidatos ao governo do Estado do Pará em 2014 odeiam seus funcionários. Hoje há inúmeras greves de servidores, como da Educação, que reivindicam o óbvio: pagameto de piso nacional e condições humanas de trabalho. A mesma coisa percebemos  na greve dos trabalhadores do Diário e do DOL, que em pleno século XXI, estão em uma histórica greve por pontos vitais, como água potável, condições dignas de exercício das funções como o piso das categorias do jornalismo. Helder Barbalho também é contra o pagamento do mínimo, do essencial. A desfaçatez é tamanha que Helder não se afronta com o fato de seu irmão Jader Barbalho Filho, Presidente do Diário, garboso por dirigir o "jornal mais premiado do mundo" e gastar em um almoço o que a família paga como salário bruto de um repórter de forma mensal.

Por isso que os funcionários do Grupo RBA (filiado da Rede Bandeirantes de Televisão) estão em greve. Faz-se oportuno ainda. lembrar que durante os oito anos em que governou o segundo maior município paraense, Ananindeua/PA (Região Metropolitana de Belém), Helder, negligente com o salário do funcionalismo, também enfrentou greves.

Farinha do mesmo saco

Certo dia ouvi na rua, um transeunte dizer para o outro: "Essa briga do Jader [Barbalho - senador/PMDB-PA] com o Jatene é só máscara, porque Jatene é compadre do Jader, rapaz". Realmente eles são compadres, pois Jatene é padrinho de um dos filhos do senador ficha-suja. No entanto, é evidente que as questões pessoais foram suplantadas pelos seus interesses econômicos e políticos. Aliás, o que não é inédito no Pará: Jader já foi amigo de Jatene, que era amigo de Almir, que ganhou a eleição contra Jarbas Passarinho (PP) em 1994, que era amigo de Alacid Nunes, que perdeu a eleição em 1982 para Jader Barbalho, quando este governou o Pará pela primeira das duas vez.

Foi então que o Prof. Dr. Simão Robson Jatene, da atual Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará foi colocado pelo jovem Governador para ser seu Secretário de Planejamento. Desde então Jatene nunca mais saiu da máquina estadual e nunca mais voltou para a UFPA, a não ser em algum tempo durante o governo catastrófico da petista Ana Júlia Carepa.

Jader, que deu vida política a Jatene e ao ex-governador Almir Gabriel quando o transformou em intendente de Belém a partir de 1984, hoje vislumbra o grande desafio de sua carreira política: o confronto entre a sua maior criatura e sua maior cria. O que evidencia para todo o povo do Pará, portanto, que o que está por trás dos interesses de Barbalhos - hoje aliados de Dilma/PT, ontem de Fernando Henrique Cardoso/PSDB -  e de Jatene/PSDB,este aliado da oligarquia dos Maiorana, é apenas a disputa pelo controle das chaves do cofre do Estado. Em que pese as aparentes disputas, nada mais são essencialmente além do que unha e carne, farinha do mesmo saco, originários da mesma costela.

Unificar as lutas e greves em curso

Como vimos, quando ameaçados, Liberal e RBA, Jatene e Jader, deixam as disputas e se unificam contra os únicos que podem por um basta na atual situação de caos social do estado e do país. É preciso que construamos calendários unificados de lutas. Mobilizar e protestar de forma conjunta. Somar as greves de bancários, Correios, jornalistas, trabalhadores da Agência de Desenvolvimento Agropecuário do Pará (ADEPARA), Agentes Comunitários de Saúde e Agentes Comunitários de Endemias (ACS's/ACE's), trabalhadores em geral, como os camelos que lutam contra as medidas fascistas da Prefeitura/Secretaria de Economia do Município, e ir às ruas e lutar, pois só assim teremos serviços públicos de qualidade, respeito e dignidade, efetivamente.

Obs.: Texto escrito dia 24/09/2013, às 18h, antes da primeira e até aqui única nota nos veículos dos Maiorana no Portal ORM acerca do movimento paredista das redações do Diário e DOL.
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Jornalistas farão novo ato público em frente à RBA

Jornalistas seguem em greve por melhores salários e condições de trabalho no jornal Diário do Pará e Diário Online do grupo RBA de comunicação, que é de propriedade do senador Jader Barbalho (PMDB/PA), o qual detém concessões públicas de rádios e TV, afiliada da TV Bandeirantes.
O conglomerado do ficha suja se nega a negociar. As pressões tem crescido muito, inclusive a greve só cresceu desde o seu início, 19, tendo a adesão de mais 5 profissionais até as 12h de hoje.
Os grevistas convidam tod@s para comparecerem e fortalecerem o Ato Público, hoje, às 17h, em frente ao Grupo Rede Brasil Amazônia de Comunicação, que exigirá da direção da empresa compromisso com a pauta do movimento e que sejam atendidas as reivindicações, as quais são mais do que justas.
Jornalista expõe cartaz que resume a situação nas redações do grupo RBA. Foto: Mídia Ninja

Greve da educação: um recado para os advogados do diabo

Silvia Letícia - Secretária Geral do Sintepp-PA.
UM ABSURDO, a decisão da juíza Rosa Lucia de Canelas Bastos da Vara de Plantão Cível de Belém que julgou, a pedido do governador Jatene, a nossa greve, a greve dos Trabalhadores da Educação no Pará, abusiva e que devemos voltar a trabalhar na segunda-feira, dia 23 e caso não cumpramos sua decisão o Sintepp pagará multa de 100 mil reais por dia.

Ora vejam isso, como pode uma juíza, para atender os interesses políticos do governador, considerar nossa greve abusiva? Não foi suficiente a desmoralização da justiça brasileira que perdoou os mensaleiros, agora querem, impedir o direito de greve de uma categoria? Direito constitucional?

Não dá pra aceitar tamanha ameaça e intimidação dessa justiça que perdoa bandido e quer punir a justa luta dos trabalhadores da educação.

Abusivo é o governador Jatene que gasta dinheiro público em propaganda mentirosa, que obriga a população do Pará a pagar impostos altíssimos, enquanto banca a farra de empresários com isenções fiscais. 
Abuso, senhora juíza, é o governo tirar gratificação do nosso contracheque para dizer que paga o piso. 
Abuso, senhora juíza desinformada, é fazer com que nós trabalhemos em salas e escolas empoeiradas, quentes, lotadas, insalubres, com parte do teto caindo aos pedaços, com alunos e professores adoecendo, e ainda assim querer que nós fiquemos calados. 

A educação não é essencial apenas para nós, trabalhadores e estudantes que fazemos todos os dias a educação no Pará, mas para o conjunto de nossa população. Então, por que você, senhora juíza, não obriga o governo do estado a garantir serviços de qualidade para a população? Por que não obriga o governador a priorizar a educação?
Por que não o obriga a cumprir a Lei do Piso, garantindo nossa jornada?

Os alunos são aprovados no Enem porque nós, professores e funcionários, nos dedicamos a isto e agora, entramos em greve, mesmo contra a sua vontade, para termos condições de continuar educando nossos alunos.

Provavelmente seus filhos não estudem em escolas públicas, assim como você não trabalha em ambiente insalubre, portanto, respeite nossos direitos.

Senhora juíza, nossa categoria NÃO VAI SE CALAR, VAMOS FORTALECER NOSSA GREVE PARA IMPEDIR DESMANDOS COMO ESSE NO PARÁ E NA EDUCAÇÃO.

CONCLAMO PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS NO PARÁ A ADERIREM À NOSSA GREVE A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA (hoje), A SUSPENDEREM SUAS AULAS E A VIREM FORTALECER NOSSA LUTA.

NENHUMA JUÍZA VAI PASSAR POR CIMA DA DECISÃO DE NOSSA CATEGORIA. JÁ DERRUBAMOS A DITADURA MILITAR NO BRASIL, POR ISSO RESPEITE NOSSO DIREITO DE LUTAR POR EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE!

PROFESSORA (COM MUITO ORGULHO) SILVIA LETICIA DA LUZ.

O jornal virou notícia: quarto dia de greve histórica

"Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei."  Carlos Drummond de Andrade

Da página Greve do Diário do Pará e DOL


#SomosTodosLeonardoFernandes
Esta foto de Tarso Sarraf, a deflagração da greve, me arrepia. É emblemática. A "Torre" tomada pelos trabalhadores.
Furando o cerco da mídia burguesa: Colaço de cartazes mostra a greve à população de Belém.
"Gatos pingados"?! #ChupaJaderFilho
Terceiro dia de greve: protesto na Praça da República
Quarto dia de greve.

E as hashtags #JornalistaValeMais e #NegociaBarbalho emplacaram trending topics no Brasil. Será que tem alguém no Diário do Pará fazendo o monitoramento da quantidade de "gatos pingados" que estão se mobilizando em prol dos direitos e do piso salarial dos jornalistas paraenses?

#NegociaBarbalho nos TTs.
Fotos e texto: https://www.facebook.com/grevediarioedol.
Legendas: Além da Frase. 

Atualizado: 30/09/2013 - 00:25h

Jatene quer calar a voz do Sintepp e a greve continua: 24|09 Marcha da educação, CAN – 9h

Como era de se esperar a elite deste estado representada pelo governo de Simão Jatene (PSDB), tenta a qualquer preço calar a voz do maior sindicato de trabalhadores do serviço público do Pará ameaçando seriamente instituições democráticas deste estado como o Sintepp no direito de se expressar contra as mazelas que afligem os trabalhadores em educação em seus direitos, como melhores condições de trabalhado e valorização profissional.
Apesar de todos os ataques da burguesia, o Sintepp continua firme na condução da greve estadual deflagrada em assembleia geral realizada no dia 18 de setembro de 2013, que continua mantida, apesar das informações veiculadas pela imprensa de que uma juíza de primeiro grau do Fórum de Belém teria concedido liminar para sustar um movimento legítimo, onde foram tomadas todas as precauções jurídicas necessárias por parte do sindicato para que a greve não fosse considerada abusiva.
O Sintepp registra que não foi comunicado oficialmente de tal decisão e informa, ainda, que assim que tomar ciência da decisão irá usar os meios judiciais para revogá-la, pois de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), a competência para julgar matéria sobre greve de servidores públicos é do Tribunal de Justiça.
A Coordenação Estadual vê com desconfiança uma determinação judicial que saiu antes mesmo de ocorrer o fato em questão e não acredita na possibilidade, pois a suposta magistrada estaria incorrendo em ato que não é de sua competência e ser for verdade, ainda assim, há como denunciar atitudes como esta.
Outra possibilidade é que os lacaios do governo tenham induzido a justiça em um erro crasso, o que pode ser revertido tão logo se tenha um comunicado oficial a respeito desta suposta decisão.
Assim, reiteramos a convocação para o ATO PÚBLICO DO DIA 24|09|2013, com concentração no CAN, 9h.
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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Barbalhismo e condições de escravidão nas redações do Pará


Movimento Jornalista Vale Mais: momento da votação que decide manter fechamento dos portões da TV Record Belém. 12/09/2013

Realmente nunca é demais dizer que desde as jornadas de junho que o Brasil não é o mesmo.

A considerar o protagonismo de categorias que há anos não faziam mobilizações como os trabalhadores de supermercados, os quais após dias de #greve com total adesão dos empregados das maiores redes do estado, conseguiram incontestes vitórias. 

Assim como nas belíssimas e dignas lutas por todo o planeta, das "Arábias" até Altamira/PA. De algum ponto da transamazônica até as fábricas do ABCDOG no estado de São Paulo. Dos protestos pelo Fora Cabral e #CadêOAmarildo até os atos em Paris, Londres ou Washington contra a criminosa, assassina e imperialista guerra de Barak Obama/EUA e aliados contra o rebelde povo Sírio. Dos caminhões e alojamentos da empreiteira pegando fogo no canteiro da usina hidrelétrica de Jirau/RO à luta dos trabalhadores da imprensa no Pará (e a greve dos trabalhadores do Grupo RBA apartir de sexta-feira), é evidente que a Primavera começa a produzir seus revolucionários e libertadores efeitos também aqui no Brasil!

Alguma coisa tem que explicar que uma categoria, como a dos/das jornalistas, que há décadas não fazia uma simples paralisação, hoje esteja produzindo categóricos e bravos piquetes/manifestações, os quais têm desnudado de forma peremptória as condições de moderno esclavagismo nas redações do Grupo RBA (de propriedade do senador ficha suja Jader Barbalho/PMDB-PA), Organizações Maiorana (da famiglia Maiorana) e Rede Record de Televisão (do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo). 

Mas o que também não difere quase em nada do que ocorre na TV SBT e na Fundação de Telecomunicações do Pará-FUNTELPA. Aliás, a única que cobre as manifestações do movimento #JornalistaValeMais do Sindicato dos Jornalistas do Pará (SINJOR-PA). Até as manifestações serem na porta da FUNTELPA, que há séculos não faz concurso público e não melhora as condições de salário e de trabalho na Fundação.

Como todo esclavagista, ou pior dizendo, dono de empresa de comunicação que prima pela exploração, açoite e humilhação de seus empregados, era de se antever que as retaliações iriam começar. 

Numa tentativa, que desnuda o seu DESESPERO com a possibilidade de greve, o Jornal Diário do Pará, que chega a pagar míseros R$ 700,00 para um/uma jornalista, inclusive um pouco mais do que o portal de notícias do grupo (DOL), demitiu ontem, sem qualquer justificativa, o jornalista Leonardo Fernandes. 

Eis o relato dele no Facebook:

"Hoje, às 14h, fui demitido do Diário do Pará. A justificativa? “Nada, só demissão. A empresa pode te demitir a qualquer momento”, disse a Marclúcia do RH. E foi assim, depois de cinco anos trabalhando no jornal, dois deles sem carteira assinada, fui mandado embora sem sequer uma justificativa. Mesmo me sujeitando a passar madrugadas e finais de semana trabalhando, sem ter direito à hora extra. Em um lugar que não tem cadeira pra sentar. Que não tem água mineral, nem papel higiênico.

Mas tudo valeu a pena por um breve momento nesta tarde. Quando fui na redação e gritei que havia sido demitido. Que o Diário do Pará queria nos coagir. E que nada vai parar a greve que está pra estourar. 

Agora, depois de tirar uma tonelada das costas, eu peço a todos os colegas de redação: não esmoreçam, não se deixem abalar. Continuemos até o fim."


Muito barbarismo do barbalhismo, não?! 

Mas ainda tem mais:

O senador Jader Barbalho, que quer eleger Helder Barbalho, seu filho, governador do Estado do Pará em 2014 pelo PMDB, não poupa ninguém.

São exímios em perseguir trabalhadores e funcionários. Por suspeitarem que um contracheque de empregado do Grupo que circulou na Internet fosse da produtora da TV RBA, a jornalista Cristiane Paiva, demitiram-na de forma mesquinha e sumária.

E olha que a Cristiane merecia, como vocês lerão a seguir, ser condecorada por provas de respeito e lealdade para com seus pares!

Do blog da jornalista Franssinete Florenzano:











A manifestação dos jornalistas, hoje, na porta da TV Record Belém, teve piquete, panelaço, apitaço e até um tenso chega pra lá no apresentador do Balanço Geral, René Marcelo, que só entrou na emissora sob a proteção de segurança armado e do diretor de jornalismo, que estava desesperado com a iminência da TV ficar fora do ar.  Como se observa na foto, o segurança enfiou a mão sob o paletó ameaçadoramente.  Mas felizmente nenhuma violência aconteceu. Há muitos anos os jornalistas paraenses não conseguiam ficar mobilizados e unidos em defesa de seus direitos. 

René Marcelo, paulista que foi trazido pela Rede Record para trabalhar em Belém e acabou se tornando um símbolo do desrespeito aos paraenses por falar mal da gente parauara e de seus próprios colegas de redação que lutam por um salário digno, foi vaiado e teve que ler os cartazes de repúdio.
Os jornalistas que trabalham na Record estão há três anos sem reposição de perdas salariais, queixam-se de salários aviltantes e fizeram relatos chocantes de insegurança para equipes externas, desrespeito na redação, assédio moral e humilhações protagonizadas pelo apresentador. Mas a direção da empresa, dando bom exemplo, recebeu a direção do Sinjor-PA e se mostrou aberta à negociação. A conversa foi cordial e considerada produtiva e pode avançar para um acordo coletivo. A campanha é pelo reajuste salarial, estabelecimento de piso da categoria, pagamento de hora extra, segurança profissional e melhores condições de trabalho. Importantíssimo frisar que a luta dos jornalistas não é contra os patrões e sim pela garantia dos seus direitos*.

Durante o ato público, muitos jornalistas usaram o microfone para relatar suas agruras profissionais. Mas o caso da jornalista Cristiane Paiva, sem dúvida, é um verdadeiro escândalo.

Cristiane era assessora de imprensa do Hospital Metropolitano de Belém. Recebia salário de R$1mil, de uma empresa terceirizada. Como se sabe, o hospital é dirigido por uma Organização Social. E, por conta da desavença política entre o senador Jader Barbalho (PMDB), dono do grupo RBA, com o governador Simão Jatene(PSDB), o jornal Diário do Pará e suas emissoras de rádio e TV estão publicando uma série de reportagens a respeito da OS, acusando-a de cometer irregularidades. Sabedor de que Cristiane era produtora da TV RBA, sua chefia passou a assediá-la no sentido de que identificasse e informasse à OS quem eram os jornalistas autores das matérias. Cristiane se negou, a pressão aumentou, ela se manteve irredutível, alegando seu dever ético,  e por sua lealdade aos colegas e à RBA esta semana foi demitida do Hospital Metropolitano. Entretanto, como o movimento "Jornalista Vale Mais" mostrou nas redes sociais na internet um contracheque para ilustrar os baixos salários da categoria, a direção da empresa achou que se tratava do contracheque de Cristiane e ela foi demitida sumariamente, ontem, dia em que a categoria realizou manifestação em frente à emissora. Cristiane agora está desempregada porque ousou reivindicar seus legítimos direitos e porque é uma jornalista ética e leal e não se submeteu à coação moral de um de seus empregadores.
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*Grifo do Além da Frase, pois acreditamos que trata-se de uma luta contra a moderna escravidão a qual os profissionais são submetidos; tratando-se, portanto, de uma luta contra os responsáveis pelas indignas condições de trabalho e de salário.

Atualizado às 17h12min - 17 de setembro de 2013